domingo, 12 de janeiro de 2014

Como saber se uma pessoa tem o Transtorno de Personalidade Borderline?

Peço desculpas a todos que visitaram meu blog, especialmente aos que deixaram comentários aqui. Não tenho tido muito tempo livre para postar tudo o que eu queria aqui. O trabalho e as atribuições familiares têm absorvido a maior parte do meu tempo.

Mas enfim, vamos lá...

Fiquei de postar os critérios diagnósticos do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) também conhecido como Transtorno de Personalidade Limítrofe. Tais critérios foram revisados em 2011 e republicados através do DSM-5 (manual da Associação Americana de Psiquiatria que serve como referência diagnóstica para os profissionais/estudiosos da saúde mental. Não encontrei uma versão online em português dessa revisão. Para os interessados, posto abaixo uma tabela comparativa em inglês entre os critérios diagnósticos do TPB no DSM-4 de 1994 e no DSM-5 de 2011.




Podemos afirmar que o TPB é caracterizado por uma disfunção do de relacionamento consigo mesmo (intrapessoal ) e com outras pessoas (intrapessoal). De acordo com o DSM-5,  os critérios diagnósticos para o TPB são:

1) Ausência de uma identidade definida  - o indivíduo tem problemas de auto-imagem, não sabendo verdadeiramente quem ele é, suas preferências e seus objetivos. Isso leva a uma sensação crônica de vazio e a grandes flutuações de valores e metas pessoais e profissionais ao longo da vida;

2) Egocentrismo o indivíduo tem dificuldade de reconhecer os sentimentos e necessidades das outras pessoas, considera os seus desejos como essenciais, muitas vezes, ignorando a vontade de terceiros e o impacto de suas atitudes sobre eles;

3) Relacionamentos íntimos intensos porém instáveis e conflituosos - o indivíduo tende à desconfiança, carência e pânico do abandono (seja este real ou imaginário), e alterna momentos de extrema idealização e desvalorização das pessoas, assim como oscila entre momentos de intimidade e de isolamento.

4) Disfunção dos afetos – o indivíduo apresenta funcionamento caótico das emoções:
a) alterações de humor em curtos períodos de tempo (horas/dias), oscilando do estado de euforia/satisfação para o de tristeza/insatisfação e vice-versa ;
b) reações intensas e desproporcionais a fatos e situações, podendo apresentar explosões emocionais associado a drama ou agressividade;
c) freqüente sentimento de raiva ou irritabilidade por motivos fúteis;
d) insegurança diante da separação/afastamento (ainda que temporário) das pessoas que lhe são importantes, levando a um quadro de dependência e perda da autonomia;
e) valorização excessiva de experiências negativas passadas, sentimentos intensos de apreensão diante de situações de incerteza e medo de perder o controle;
f) tendência a sentimentos de desesperança e pessimismo em relação ao futuro, baixa auto-estima, pensamentos ou comportamentos suicidas/automutilantes;
g) impulsividade excessiva sem considerar as consequências de seus atos;
h) comportamento autodestrutivo e compulsivo, expondo-se a situações de risco potencial (ex: abuso de drogas, sexo desprotegido, direção perigosa);
j) diante de situações de estresse emocional, podem ocorrer episódios de ideação paranóide (suspeita/crença de que está sendo perseguido ou injustiçado) e sintomas dissociativos (sentimentos ou memórias dolorosas tornam-se inconscientes, como mecanismo de defesa).

Para o diagnóstico de TPB ser fechado é necessário preencher 5 desses critérios.

Nos próximos posts, vou detalhar um pouco mais sobre alguns desses critérios dando exemplos práticos de como eles podem ser observados na convivência cotidiana com um portador de TPB.